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terça-feira, 17 de dezembro de 2002

Palhaço andador
Este também é um exemplar pinçado da Matriz na sexta. Muito menos nocivo que o anterior, ele tem até um lado saudável, pois, por sua causa, acabei fazendo exercícios na manhã de sábado.

Conheci o cara na Matriz há algum tempo e fiquei com ele nesta sexta. Até que o bruto sugere:

– Vamos lá pra casa?
– Não.
– Nossa, como você é direta!
– A sua pergunta também foi direta.

Pra não perder a viagem, o malandro insiste. E eu insisto em dizer que não. (Estava me sentindo um lixo e não contava de ficar com ninguém na Matriz. Se beijei na boca, já estava no lucro. Não estava a fim de transar – apesar do esperto dizer que era só pra gente dormir.)

No “vamos-não vou”, pagamos a conta e saímos. Não havia nenhum táxi na porta e fomos andando até achar um. O palhacinho foi caminhando em direção à casa de ele, sem me dar a chance de pegar um taxi no meio do caminho (se eu o fizesse, seria mais grossa que o palhaço de cima porque ia deixar o moço sozinho no meio da rua, sem mais nem menos).

Fui andando com ele. Cada um tentando convencer o outro sobre o que queria fazer: eu, ir pra minha casa; ele, que eu fosse pra casa dele.

Nessa brincadeira, andei até a Rua Humaitá, depois do Ballroom, quando finalmente ele entendeu que eu queria ir pra minha casa.

Pelo menos fiz uma bela caminhada pela manhã em boa companhia.

(A palhaçada foi inocente e só mereceu o registro porque o palhaço em questão pediu para não ser personagem deste blog. Mas, como no fundo, no fundo o que eles querem é aparecer aqui, eu fiz a vontade (oculta) do rapaz.)

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