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segunda-feira, 17 de novembro de 2003

Palhaço "era bom demais pra ser verdade"
Tava saindo com um palhacinho há uns 3 meses. Nunca tínhamos combinado se estávamos namorando, mas não fazia diferença. Saíamos qndo queríamos e podíamos, o q era praticamente dia sim, dia não. Eu dormia na casa dele umas 2 ou 3 vezes por semana. Ele me ligava todos os dias, várias vezes. Quando eu acordava e ligava o celular sempre tinha um recado dele na caixa postal dizendo q eu era linda, q tava com saudade e blábláblá.

Mesmo qndo ele tinha q ficar trabalhando dávamos um jeito de nos ver, mesmo q rápido, e depois ele ficava me ligando enquanto trabalhava, pra dizer q tava sentindo minha falta. Lembro de uma Loud q fui com a AnaPaula e AdrianaBilate e ele ficou em casa trabalhando. Ele nunca tinha ido a essa festa e queria conhecer, me ligou várias vezes ao longo da noite dizendo q queria estar lá comigo. No caminho tínhamos ido comentando se fulano ou beltrano estariam lá. Falei q não ia ficar com ninguém, pq embora não tivesse nenhum compromisso com ele não tinha vontade de ficar com outros caras e não ia beijar por beijar enquanto queria estar com outra pessoa e a Ana disse q esse era o único compromisso q importava: vc querer estar com determinada pessoa.

O preâmbulo...
Távamos nessa...eu já conhecia os amigos dele, ele os meus. Nos víamos sempre, mas sem cobranças: eu tava me apegando ao palhaço q parecia ser meu número. Ia tudo bem até q chegou um feriado. Na semana anterior ele me perguntou q eu ia fazer e respondi q ainda não sabia. Resolvemos não viajar e aproveitar pra ficar mais tempo juntos.

No início da semana ele me liga e informa uma mudança de planos: vai viajar com os amigos, os meninos chamaram e talz. Marcamos de nos ver na quarta ou quinta. No dia q íamos nos ver o bruto liga antes desmarcando. Tá fazendo a mala pq a viagem foi antecipada. Diz q me liga domingo ou segunda qndo chegar pra gente matar a saudade. Então tá, boa viagem.

Segunda toca o tel: era ele contando q a viagem foi uma péssima. (praga de puta Deus escuta) Ele tinha comido alguma coisa estragada logo no primeiro dia e passou o resto do feriado vomitando no quarto da pousada enquanto os amigos se esbaldavam na praia. Diz q se arrependeu de ter viajado, q se devia ter ficado no Rio comigo (isso era óbvio, oras!). Combinamos nos ver no dia seguinte.

Saímos para jantar e depois vamos direto pra casa dele. Humpf! O princeso passa mal do estômago a madrugada toda. Fico acordada com ele quase a noite todaperguntando se quer ir a um médico, se quer algum remédio, enquanto o fresquinho choraminga e resmunga. De manhã ele, não sem razão, mal humorado, me deixa em casa e vai trabalhar.

Outro dia vamos ao cinema. Ele está diferente, frio, distante. Depois do filme comemos algo e vamos embora. Normalmente eu dormiria na casa dele, mas ele vai direto pra minha casa e me desova dizendo q tem q acordar cedo e não está muito bem. Hum..tudo bem, só q antes isso não era empecilho.

O espetáculo!
No dia seguinte o palhaço liga pedindo desculpas, dizendo q não anda bem do estômago e sei lá o q. Diz q quer me ver e tá com saudade. No sábado ia ter Loud e como ele queria conhecer combinamos ir juntos. Ele tinha um jantar de família (ele sempre tinha muitos jantares de família) e marca de passar pra me pegar direto, por volta de meia-noite. Compro os ingressos antecipados. No sábado me arrumo toda e ligo pra confirmar por volta de 23h30. Pela primeira vez desde q nos conhecemos o celular dele dá fora de área. Ok, termino de me arrumar e sento no sofá pra esperar. Meia-noite, ele não chega. Qndo dá 0h30 eu ligo e deixo um recado na caixa postal. À 1h deixo um na secretária eletrônica da casa dele. Estou preocupada, afinal ele pode ter sofrido um acidente. Como sempre nesses casos, passamos da preocupação à raiva, e às 2h da manhã chamo um táxi e vou sozinha pra Loud, muito puta.

Grand Finale
No dia seguinte acordo ainda meio bêbada e chateada por volta de meio dia. Tô na dúvida se ligo pra ele ou se ligo o foda-se e vou pra praia. Ligo pra AnaPaula. Ela me aconselha a ligar pra ele e dizer tudo q estou sentido, tudo q penso, mas pra ligar logo, naquela hora, não esperar a raiva passar.
O bruto atende e na maior cara de pau diz q tava cansado e foi pra casa dormir. E não podia ter ligado pra avisar? Custava tanto assim ligar e dizer “não vou”? Pra completar o palhaço ainda fala com a maior cara de pau de mundo e uma vozinha doce “desculpe, estraguei sua noite de sábado, né?”.
– Estragou, estragou sim! Mas pq podia pelo menos ter ligado pra dizer q não ia. Agora, claro q náo fiquei em casa, te esperei até às 2h, e ainda esperei muito! Chamei um táxi e fui sozinha.
– Vc foi sozinha?
– Claro, oras! Achou q eu ia ficar em casa chorando? Agora, vc é um moleque, um palhaço, um covarde. Ninguém é obrigado a fazer nada q não queira fazer. Primeiro não devia ter combinado se não tava a fim, mas se combinou tinha q ter aviso q não ia mais. Vc não tem compromisso nenhum comigo. Nosso único compromisso é o q a gente combinar, mas aí tem q cumprir.
– Acho q vc tá fazendo uma tempestade num copo d’àgua. Não é motivo pra isso.
– Ah! Vc acha isso pq é um moleque, um escroto. Esquece meu nome e meu telefone, não me procura nunca mais!


Ele não ligou de novo.
Doeu, mas foi bom ter ligado na hora. Se tivesse ido pra praia teria esfriado e ia acabar deixando pra lá. Se não gostasse dele não teria me importado, mas tava envolvida, então não podia permitir aquele comportamento ou ia sofrer mais depois. Ainda chorei por muuuuitos meses, mas nunca procurei ele de novo.
Dói mas passa, sempre passa. Hj em dia lembro e é apenas mais um espetáculo circense pra rir.

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