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quinta-feira, 18 de dezembro de 2003

A saga do palhaço Bodão

Prólogo
Por falta de palhaçadas atuais (graças a deus!!!, bate na madeira, mangalô trêis veiz) há muito tempo não tenho tido inspiração para postar aqui. Roberta já havia me intimado mais de uma vez a recorrer a palhaçadas antigas, mas acho que não estava disposta a mergulhar em desagradáveis reminiscências. Eis que durante um chopinho no último sábado, - eu, Roberta e nossos respectivos não-palhaços - lembro daquele que foi o maior de todos os clowns da minha vida. Até me surpreendi de nunca ter falado sobre ele aqui. No ranking da APP (Associação de Palhaços Profissionais), Bodão certamente ocuparia o primeiro posto durante muitos e muitos anos. Sim, minha gente, Bodão era o apelido do sujeito. Como se vê, o palhaço já tinha até nome artístico, por sinal bem apropriado às suas bizarrices. Devo esclarecer que considero Bodão o número 1 não por alguma grande canalhice. Não, ele não era este tipo de palhaço. O que o levou a ocupar tal posto com toda honra e circunstância foi seu talento inato para a galhofaria. Nosso relacionamento foi breve – cerca de dois meses – mas durante muitos anos posteriores me proporcionou grandes divertimentos em mesas femininas de bares.

Como eu conheci Bodão
Eu tinha 18 anos e estava começando minha vida sexual. Só havia tido um relacionamento, que tinha sido muito legal. Durou cerca de um ano, mas eu o terminara porque não queria mais compromisso. Estava a fim de me divertir e conhecer gente nova. Cheguei a pensar que poderia ter sido castigo divino conhecer Bodão logo após o término, ou então praga do ex.

Mas vamos aos fatos: nos conhecemos na Ilha dos Pescadores, uma espécie de boate a céu aberto na Barra da Tijuca que sobrevive há anos tocando a última moda em cafonice da estação. A época era da música baiana. Depois de cachaça com catuaba e Assembléia de Deus aos domingos, acho que não tem nada que eu mais odeie do que axé-music. Porém, naquele tempo, eu ainda era uma pós-adolescente que costumava ir aos mesmos lugares que as minhas amigas da escola iam. E foi neste ambiente, com os bracinhos para o alto, rebolando o quadril, em cima de uma mesa, ao som do Asa de Águia, que eu fiquei pela primeira vez com Bodão.

(continua amanhã)

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