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sexta-feira, 20 de fevereiro de 2004

Trupe circense
Minha amiga conheceu um carinha interessante. Culto, a primeira saída deles foi uma ida ao teatro. “Genial!”, pensou minha amiga, “Finalmente, um cara com os mesmos gostos que eu”.

No teatro, ela conheceu dois casais amigos deles que na saída convidaram os recém-quase-namorados para uma reuniãozinha na casa de um terceiro casal. Minha amiga preferia sair sozinha com o gato, mas topou porque sentiu que ele queria ir pra casa dos amigos e ela não queria ser daquelas mulheres chatas.

Até que a festinha estava boa. Desde o começo, eles falavam de um tal batismo pelo qual minha amiga teria que passar. Fizeram maior mistério do que seria a brincadeira, mas ela não levou a sério porque imaginou que eles estavam só colocando pilha pra ver como ela reagiria. E ela reagiu com bom humor e despreocupação.

Todo mundo encheu a cara, até que uma das mulheres resolveu ir embora. O marido disse que quer ficar, mas ela não se fez de rogada: pegou a chave do carro e mandou ele voltar pra casa de taxi. A mulher do outro amigo aproveitou a carona e foi embora. Minha amiga também fez menção de partir, mas por insistência da dona da casa, acabou ficando.

Nem uma hora se passou e os donos da casa foram dormir, deixando minha amiga na companhia do recém-quase-namorado e de dois amigos, todos bêbados, que passaram a falar mais do tal “batismo”.

Minha amiga foi ficando incomodada com a situação, mas a cada momento que dizia que ia embora, insistiam para que ficasse, inclusive o recém-quase-namorado. Papo vai, papo vem e um dos amigos bêbados passa a se aproximar mais da minha amiga, senta ao seu lado e ensaia uma massagem nos seus pés (que ela logo descarta). Ele prossegue tentando tocá-la, mas ela sempre se desvencilha dele até que ele tcha-ram! TIRA A BERMUDA. Isto mesmo: o malandro ficou só de cueca na presença da minha amiga, que ele havia conhecido naquele dia, e dos dois amigos. Foi a gota d’água. Ela se levantou e foi embora. O bêbado-recém-quase-namorado a acompanhou, mas não pediu desculpas pelo papelão e (lógico!) fez o número do desaparecimento logo depois.

Não se sabe se o tal assédio era de fato para concretizar uma sacanagenzinha em grupo, mas se fosse, o palhaço-recém-quase-namorado devia ter consultado minha amiga e ver se ela queria participar, ao invés de deixar seus amigos coagi-la ou constrange-la. Caso a coisa tenha sido só “brincadeira” (o que eu não acredito, pois não justificaria o número do desaparecimento depois), o recém-quase-namorado e seu amigos formam uma trupe circense da melhor “catigoria”, pois se mostraram inconvenientes e sem saber a hora de parar.

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