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sábado, 11 de novembro de 2006

Palhaço ogro

O casal tava no maior amasso na casa do rapaz. A moça achou que tinha se dado bem, pegou um morenaço belzebu, todo tchutchuco, o genrinho que mamãe pediu a Deus. É hoje!

Tão lá sentados na cama, beija aqui, beija ali, se apertam, se amassam, lambe a boca um do outro, chupa o pescoço. Tá esquentando! Ela senta em cima do rapaz e faz que vai tirar a blusa, ele toma a dianteira e puxa a peça fora. Olha para o busto da moça e com semblante ávido estende as mãos. Ela acha que ele vai acariciar seu colo, seus seios. Vupt! Nem deu tempo de dizer "Nããão!". O bruto rasgou o sutiã dela.

Peraí, meu bem, tu sabe quanto custa um sutiã? Tá pensando que eu uso qualquer sutiã? Que comprei na liquidação? Não era um sutiã de ir trabalhar, era um sutiã de sábado à noite! Tudo isso passou pela cabeça, mas ela não disse nada. Ficou olhando pra ele com cara de "como assim?". Olhou pro próprio corpo: claro que ele não tinha conseguido rasgar a base da peça, onde tem o elástico. Tava lá ela com cara de pastel, sentada em cima de um malandro com cara de mais pastel ainda, com um sutiã rasgado no corpo, os bojos meio abertos e um elástico na base dos seios. Ele realmente achou que ela ia gostar disso? Então devia pelo menos ter aprendido a rasgar direito, porra!

– Como é que eu vou embora agora?
– Eu te empresto uma camisa minha, eu te empresto tudo que você quiser, te dou tudo que é meu.

Porra, eu não quero uma camisa sua! Quero um sutiã, aliás, queria o meu sutiã! Ou você pretende rasgar minha blusa também?

Como ela é uma moça perseverante, brasileira que não desiste nunca, tirou a porra do sutiã rasgado e jogou no chão. Vambôra continuar a função, afinal o bruto tava bem animadinho, palhacinho querendo mostrar eficiência. Beija aqui, amassa ali, vira pra cá, vir pra lá, a moça pede "bota a camisinha". Ele se faz de surdo e tenta dar prosseguimento aos trabalhos, digamos assim, desnudo.
– Não, sem camisinha não – avisa ela, decidida.
– Eu quero gozar em você – manda o palhaço.
Jura, Pedro Bó? Você vai gozar em mim, mas dentro da camisinha.
Ele ri, desconversa, vira cá, vira lá. Nananinão, palhacinho. Puxa a moça pra cá, puxa pra lá, beija, aperta, morde, amassa e..... pega no sono! Sim, respeitável público, dileta audiência, o malandro diz que vai fazer, vai acontecer, vai fuder muito, vai comer todinha e.... dorme!

A moça, resignada, olhou a cena patética do palhaço pelado roncando. Fazer o que? Esperar o bruto acordar pra recomeçar a lenga-lenga da camisinha? Obrigada, eu passo, vou pra casa dormir. Levantou e foi embora antes que tivesse gente demais na rua pra ver que ela tava sem sutiã. Claro, catou a peça rasgada - afinal não ia deixar pra ele mostrar de troféu pros amigos - e se mandou sem deixar bilhete. Ah, deixou a porta da casa dele aberta, à guisa de castigo pra aprender que é grosseria dormir na presença de uma mulher maravilhosa. Tomara que acorde com o saco latejando.

Uma amiga disse que ela deveria ter tirado R$ 50 da carteira do palhaço e deixado no lugar um bilhete avisando que tinha levado a quantia como indenização pela peça rasgada. Sei lá, melhor deixar pra lá. Afinal, se fosse pedir ressarcimento do prejuízo ia ter que ser compensada também pelas manchas roxas nos braços, ombros e nuca ganhas em vão.

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