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quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

Eu, leitora e empresária circense: clássicos!

"Em 2001, nós nos conhecemos na faculdade. Eu, com 18 anos recém completos e ele, com 21. Quase dois adolescentes. Começamos uma paquerinha na aula mesmo. Nunca tinha tido coragem de chegar em alguém, mas aproveitei minha nota boa na prova pra jogar um charminho no monitor (leia-se: ele) e dali descemos pra lanchar e conversar um pouco. Já neste momento, descobri que ele também era fã de Tom e Chico e prometi lhe emprestar um dos meus cds.

Foram poucos dias daquele momento até começarmos a namorar, não sem antes ter uma palhaçada. Sabe aquele segundo que antecede o beijo, segundo Herbert Vianna? Pois, neste segundo, eu escutei um tilintar que não soube ser de sinos ou uma cigana que se aproximava para ler o nosso destino. Já sentindo aquele frio na barriga, perguntei a ele que barulho era aquele. Segue diálogo:

Ele: - São moedas pra fulana!
Eu (mentalmente): Quem seria fulana?
Ele, apressadamente: - A sobrinha da minha namorada!
E mais apressadamente ainda: - Mas estamos pra acabar, tá tudo péssimo.

Confesso meu lado palhaço neste momento, mas se ele não a respeitou, por que eu faria isso, eu pensei. Tá bom, tem aquela história de que não faça com ninguém o que não queria que fizessem com você, mas eu estava apaixonada desde o primeiro dia de aula, e mais ainda depois da aula que ele havia dado. Paciência! Beijei o bruto, como dizem no HTP e mandei ver. Fiquei esperando o namoro oficial dele acabar e nada.

Ele freqüentava a minha casa como meu namorado, ou coisa parecida. Íamos pra sorveteria de mãos dadas - eu falei que era uma coisa adolescente e eu era meio nerd - congressos sempre juntos, apelidos recíprocos... Apesar de não tocarmos no nome dela e eu pensar que já era fato consumado, depois de dois meses, cansei. Queria alguém só pra mim e parecia que esse namoro dele não ia acabar. Na verdade, era ele quem eu queria, mas não daquela forma. Pulei do barco. Qual não foi a minha surpresa ao saber que a namorada oficial dele estudava com a minha vizinha e melhor amiga de infância. E pior, que queria me conhecer. Medo. Pânico. Terror. Tudo isso em letras maiúsculas. Fui, né? Eu tinha culpa no cartório mesmo. A menina foi um amor. Disse que o namoro estava realmente uma porcaria, apesar de ele ser o melhor namorado que ela já tinha dito, blá blá blá e que não tinha raiva de mim, e que até entendia porque ele tava se envolvendo comigo, já que eu era maravilhosa e devia estar dando a ele um suporte emocional que ela já tinha cansado de tentar. Resultado: depois da nossa conversa, ela também acabou o namoro com ele. E quem tinha duas, passou a não ter nenhuma.

Cada um seguiu seu caminho, eu e ela nos falávamos com certa freqüência, ele continuou a ir pra minha casa, mas como amigo da família e eles dois como bons amigos.

Cinco anos depois, tudo neste mesmo ritmo, terminei um outro namoro. Eis que, há dois meses, eu ligo pra ele a fim de conversar pra ver se ele me ajudava a conversar com minha mãe e minha irmã - as duas são loucas por ele e estavam de bico comprido pro meu lado - como AMIGOS que conseguimos ser durante todo esse tempo. "Ele está noivo. Estabilizado emocionalmente, pode ser que me dê uma mãozinha", pensei. Doce ilusão. Mal comecei a contar minha história, ele se saiu com um: "É, se eu fosse teu namorado, saberia como dobrar tua mãe, ela é osso duro de roer. O teu ex deveria ter tido mais jogo de cintura"... "Ah, mas só quem convive com a tua mãe sabe como ela é... tu lembra que a gente sempre podia fazer isso ou aquilo?" (risadas ao fundo). Pensei: "Ah, Pedro Bó, isso é época de tu me dizer isso? E vem fazer inveja agora? Só porque tu tá noivo de outra". Deixei...

Conversa vai e vem, o menino começou a se declarar. Isso mesmo, declaração... Dizendo que tinha que me deixar namorar (?) para poder esquecê-lo (?), mas que eu sempre estive nas lembranças dele. Que ele freqüentava minha casa por não conseguir parar de me ver, saber como eu estava. Ao questioná-lo sobre as razões pra ele vir pra cá e mal conversar comigo, escuto um "Eu tinha que te ver, saber como você está, mas não podia chegar perto, pois tinha medo de não me agüentar. Teu toque, teu abraço, por mais amistosos que fossem, me deixavam quase sem autocontrole".

Perdi o chão... de novo! Minha paixão adolescente me dizia tudo que eu sempre quis ouvir. Com cinco anos de atraso. Tudo. Ah, isso não se faz. Isso foi só uma parte pequena do que eu ouvi. A parte publicável, digamos assim. Me esqueci de mim no beijo que ele me deu. Assim, no meio do povo, como se não tivesse mais ninguém no mundo. Tava bom demais, né? Sabe como eu acordei do beijo que ele me deu? Com ele falando: "Ai, você não mudou nada, teu cheiro, teu toque no meu pescoço, teu beijo continua uma delícia. Ah, uma coisa mudou sim: o tamanho dos teus quadris e isso é bom, muito bom". Apesar de eu ser uma falsa magra, quem merece?

Enfim, após juras de amor (secreto) eterno, nos despedimos depois de relembrar tudo que já havíamos vivido. Passamos a tarde toda e o começo da noite juntos. Ríamos como crianças lembrando das nossas presepadas durante o nosso namoro. E olhe que nós aprontamos muito.

Cheguei em casa um pouco acima das nuvens, sonhando com toda a nossa história, me sentindo um pouco menos carente e com parte dos meus problemas aparentemente resolvidos. Acordei no dia seguinte com uma mensagem no celular: "Dormiu bem ou não?". Comecei a ouvir o cd que havia emprestado a ele anos atrás e lembrei que havíamos prometido colocar o nome da nossa primeira filha o de uma música que nós gostávamos muito. Respondi a mensagem dizendo que dormi como há muito não fazia. E que estava ouvindo o cd e se ele lembrava da promessa. Imediatamente, recebi a resposta: "Sempre que ouço a música, lembro". Voltamos a nos falar com mais freqüência, nos encontramos no final de semana seguinte para resolver uma historinha dele.

Depois disso, não nos vimos mais até terça-feira. Mesma lenga-lenga. Antes disso, eu ligava pra conversar, saber o porquê de ele ter me dito tudo aquilo, mas ele sempre tinha uma desculpa diferente. Queria que fosse, ao menos, uma história com começo, meio e fim. Não digo que agora tá doendo, mas, às vezes, incomoda. Onde ficaria esse amor todo que ele disse nutrir ou ter nutrido um dia por mim?

Não sei se ficar sem saber disso tudo teria sido melhor. Talvez sim. Li no orkut dele que ele vai se casar em setembro. Simples e clássico assim. Como diz o ditado popular: Um é pouco, dois é bom, três é demais. Minha paciência com ele e o e-mail acabam por aqui".


Palhaçada enviada pela leitora Isa. Depois disso a moça entrou para a comunidade Odeio homens Jason.

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