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segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Palhaço necrófilo

Tô eu num bar com amigos, quando chega um outro grupo de amigos. Ouço um amigo palhaço comentar com HV, amiga em comum, que estou bronzeada. Pelo tom da voz ele pareceu ter considerado atraente a tonalidade doirada que minha tez adquiriu após algumas sessões de tosta-celulites ao sol de Ipanema. HV, que também não é mole, cutucou o palhaço.

– Tu pegava a Roberta?
– Morria fácil!

Eu ouvi, mas fiz que não era comigo. Ela veio me zoar. "Roberta, fulano disse que tu tá bonita bronzeada e que te pegava, viu?". Fiz que "sei" balançando a cabeça. Foi a deixa para o espetáculo. O palhaço deu a volta na mesinha e se postou na minha frente.

– Sabe aquela coisa escrota de homem, passa uma mulher gostosa e um pergunta pro outro se ele pegava? Aí o cara responde "morria fáááácil". Pois é, Roberta, pra mim você é um defunto ambulante.
– Sou um defunto ambulante....
– É cara, morria fácil, mortinha.
Silêncio e riso contido.
– Ok, vou considerar um elogio.

O pior é que ele é meu amigo. Saímos sempre juntos pra encher a cara, eu freqüento a casa dele e o safado é até meu confidente, sabe dos meus rolos circenses. Sei que nem tava querendo me pegar ou era cantada, era uma genuína manifestação da natureza palhaça masculina. Espetáculo gratuito. Palhaço emérito, galinha e cafajeste, o bruto é daqueles que não perde a oportunidade de um galanteio muquirana. Como classificou uma outra amiga em comum, ele é uma boa bisca.

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