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domingo, 3 de junho de 2007

Palhaço Pragmático

Término de namoro/casamento é sempre, sempre, sempre, muito, muito, muito ruim. Até para quem termina. A gente fala coisas que não quer, ouve coisas que absolutamente não quer nem saber e segue em frente aos trancos e barrancos porque, como diria Cazuza, o tempo não pára. Poucas são as situações onde tudo corre bem e os dois lados - civilizadamente - se acertam.

Eu mesma já terminei alguns e já fui terminada. Mas nunca passei pela situação que reproduzirei abaixo e que classifico como "sem classificação". Sabe porque ... eu sou uma pessoa muito emotiva, muito "sanguínea" como diz uma amiga minha. Então eu não consigo, não entendo, como alguém, diante do fim de um amor, sentimento tão sublime, pode pensar em coisas tão terrenas.

Tá certo, cada pessoa é de um jeito, mas esse pragmatismo pós-fim de relação me dá nos nervos.

E agora, na voz marcante de Léo Batista, vamos a narração dos fatos:

"Narinha,

dividi meu teto com aquele puto por 4 anos. Quatro anos não são quatro dias, nem quatro horas. São muitos dias e muitas horas divindo alegrias e tristezas com aquele imbecil. Desculpa se estou carregando nos xingamentos, mas eu tô com ódio daquele palhaço. Ódio porque depois de tudo que a gente passou, parece que esse relacionamento se resume a coisas banais. Se ele não era mais feliz comigo, tudo bem. Não vou ficar aqui amarrando ninguém. Teve um dia que ele acordou e decidiu que não queria mais. Deve ter mulher nessa história, mas honestamente, a outra que faça bom proveito do desgraçado. Eu sei que nos últimos tempos a gente não andava lá essas coisas, eu até pedi um tempo uma vez, ele pediu para voltar e tal, mas sabe como é... quando a gente gosta, a gente sempre dá uma segunda chance. Mesmo eu não querendo e gostando muito desse idiota, um dia ele levantou, pegou uma mochila, botou duas bluas, uma calça, três cuecas e se mandou.

Aí eu fiquei com aquela cara de cu, esperando ele voltar, mas como ele não voltou, fiz o que qualquer pessoa normal faria: enchi a cara!


No dia seguinte, de ressaca e na merda, abri meu e-mail e tinha uma mensagem do imbecil:

"Oi, tudo bem? Estou num apart perto de casa. Podemos conversar sobre o aluguel? Acho que não devo pagar, mas posso te ajudar nos primeiros meses. Você poderia botar os meus CD`s e livros numa caixa? Os vinhos que compramos pela internet você pode ficar. Não esquece aquele CD do Jamiroquai, tá? As fotos do Central Park prefiro deixar aí. A assinatura do Valor eu queria mudar porque eu sei que você não lê. Tem outras coisas que eu queria discutir, mas acho melhor ficar para depois. Um beijo, FS".

Primeiro: tudo bem é o caralho. Tudo péssimo. Tô de ressaca, já vomitei umas três vezes, minha chefe tá com pena de mim e vim trabalhar com a mesma roupa de ontem. Ah! E você me largou ... Segundo, foda-se onde você tá morando. Terceiro, se quiser CD e livro em caixa, venha botar. Quarto, o vinho eu já bebi todo e vomito cada garrafa de meia em meia hora. Quinto, as fotos eu vou queimar pra esquecer que você é um imbecil. Sexto, pega o Valor enfia no cu.


Mas olha... não respondi assim. Dei uma de educada. "FS, bem com certeza você sabe que eu não estou bem, mas respeito sua decisão. Suas coisas estão e continuarão aqui. Pegue-as o mais rápido, de preferência quando eu não estiver em casa. CM".

Sem sono, resolvi de madrugada, ler meus e-mails.

"C, espero que esteja melhor. Entenda que ainda sinto um carinho enorme por você mas preciso seguir em frente. Ainda não tenho como pegar as coisas. Você não falou sobre o aluguel .... ainda tem a prestação da viagem e o sofá da sala. Como vamos fazer? Eu abro mão de ficar com ele, porque não sei onde vou morar. Mas gostaria que você pagasse as prestações. Caso você abra mão dele, posso te pagar aquela prestação que você pagou. Beijo, FS".

Puta que o pariu!!! Puta mesmo. Ainda bem que não tive filhos com ele porque era o caso dele cortar a criança ao meio!! Senti uma raiva tão grande que minha vontade era tacar fogo na porra do sofá. Miserável avarento dos infernos!!!!!

Peguei tudo dele. T-u-d-o. Deixei na garagem do prédio, inclusive o sofá. Foda-se o sofá. Avisei ao porteiro que aquela tralha ia ficar ali até o mão de vaca filho da puta aparecer.

Avisei a ele por e-mail que tava tudo ali na garagem. E que ele esquecesse da minha existência, da viagem e de todas as prestações que fizemos em comum. Ao que parece, foi tudo que ele prezou no casamento.

Troquei a fechadura de casa e quero que ele morra e leve junto o sofá, o CD do Jamiroquai, a prestação da viagem e aquelas roupas mulambentas".

Pois é .. quando eu digo, eu falo. Tudo tem sua hora e momento. Discutir prestação de sofá e partilha de CD depois de dar o pé na bunda em alguém é feio. Vamos ter um pouco de dignidade. Ningém vai morrer por conta de um CD. Nada que não possa ser resolvido depois, né?

Palhacinho mão de vaca esse, hein?

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