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sábado, 4 de julho de 2009

Fresquinha: O Palhaço Prometido

Essa aconteceu ontem à noite e eu não podia esperar pra contar. Acordei e liguei o computador. Uma amiga tava querendo me apresentar um amigo há um tempão, mas nunca coincidia de nos encontrarmos. Ela ju-ra-va que íamos nos dar muito bem e já se referia a ele como "meu prometido". Humpf. Mal cheguei em casa pra me arrumar pra pista, tocou meu celular. Era essa amiga chamando pra uma cerveja. Bom, não gosto de encontros arranjados e desconfio de prometidos, mas sabe como é, né? Não tava fazendo nada mesmo...

Tinha marcado de ir pra Pista 3 com outra amiga, mas a Pista 3 vai continuar lá todos os dias, já O Prometido era meio difícil de encontrar. Como não sabia se ia me agradar do bruto e, podia ser que eu tomasse duas cervejas, desse "tchau" e partisse pro encontrar minha amiga, fiz apenas uma releitura do layout que tínhamos combinado: sair vestidas de travecas. Fiz uma traveca mais básica e botei o vestido mais curto que tenho com o sapato mais alto, além de caprichar nas camadas de rímel.

Chegando lá, assim que bati o olho, vi logo que o palhacinho notoriamente era um macho heterossexual ortodoxo, o que nem sempre é de todo mau. Tinha a minha idade, era bem estiloso e até que não era feio não: dava um caldo (como diria minha amiga Ana Paula "caldo grooooosso..."). Um homem atraente, digamos assim.

Da cerveja, fomos pro bom e velho Bukowski. Na ida, o moço já dado sinais de ter, digamos assim, pouca "noção". Quando comentei com a minha amiga que hoje ia dar uma entrevista sobre o curso de Cultura Popular que vou ministrar ele perguntou "vc é professora de escultura?". Não, amor, a única escultura aqui sou em cima desses sapatos. Ok, eu devia ter saído correndo nesta hora, mas não fui.

Lá dentro, papo vai, papo vem, cerveja pra lá, cerveja pra cá, o catiço manda "você tem umas pernas bonitas, roliças". Peraí, roliça? Ro-li-ça? eu ouvi isso mesmo, ele disse que tenho pernas roliças? Enquanto dona de circo e educadora de palhaços, fui obrigada a me manifestar. Bati no ombro dele e expliquei "amigo, roliça é a tua mãe, debaixo da cama com o negão" (eu não dizia essa desde os tempos de faculdade de Engenharia Química!).

- Pô, pegou pesado.
- Olha amigo, nunca diga pra uma mulher que ela tem nada roliço, ela não vai gostar.
- Pô, roliça é gostosa! Tu também é cheia de recalques, hein?
Contei até três e sorri.

Dancei um pouco com minha amiga (ele não quis dançar, afinal, macho não dança), tomei mais umas cervejas e, bebada e generosa, resolvi dar outra chance pro bruto. Vejam vocês, que ele tava com uma mão na minha cintura, enquanto com a outra acariciava meu rosto, meu cabelo e minha orelha esquerda. Mas não podia ser fácil assim, normal assim, né? Ele não podia se conter:

- Ih, você tem um troço pendurado na orelha!
- Tenho dois. O maior chama brinco e o menor chama piercing. Vamos pegar outra cerveja?

Bom, depois de mais algumas um pouco piores, avisei que não estava acostumada a ser tratada assim, levantei, paguei minha conta e peguei um táxi pra casa. Do outro lado, ele deve dizer "ih, mulémaluca! toda recalcada, não falei nada demais". É amigos, é dura a vida de educadora de palhaços, empresária circense e pessoa de senso crítico. Como sempre digo, o mundo é estranho e homem é tudo palhaço.


OBS: Minha amiga Natália, que me ligou pra chamar pra Feirinha da Lavradio e foi a primeira a ouvir a história, achou que eu deveria ter dito "roliço é o que eu esperava que seu pau fosse, mas pelo jeito nem isso". Agora vou descer pra beber na Feirinha, que eu mereço.

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