Essa mistura uma palhaçada de dilúvio com um clássico: o espetáculo da devolução dos panos de bunda. Deve ter uma boa meia dúzia de histórias dessas aqui, não é a primeira que esta empresária circense amiga do blog relata e só eu tenho já postadas. Por que será que eles sempre fazem palhaçada na hora de entregar nossas tranqueiras? Cara, melhor jogar fora do que fazer esse número. Hmmm.... mas eles são palhaços, né? Não podiam deixar passar a oportunidade.
Respeitável público, que rufem os tambores, o espetáculo vai começar.
Palhaço de dilúvio
Acontece que eu tinha deixado uma mudinha de roupa na casa do palhaço. É um vestido leve e uma calcinha, num saco plástico. Ok, tem um desodorante e uma escova de dentes, ambos usados, mas isso pode ir pro lixo. No dia seguinte à nossa conversa derradeira (ou seja, semana passada), ele me mandou um torpedo: "escuta, tem aquelas coisas suas aqui em casa. venha pegar, por favor". Eu disse que iria em breve. Ele viajou no fim de semana, mandou outro torpedo: "posso deixar com o porteiro". Eu achei desagradável ir a Vila Isabel inquirir o porteiro sobre um saco da sendas recheado com uns panos de bunda. Falei que ia na segunda-feira.
Bem, todo mundo sabe o que aconteceu no Rio de Janeiro na segunda-feira. Acho que não preciso explicar porque não fui resgatar minha mudinha de roupas. Também não preciso explicar como o dilúvio afetou minha rotina no resto da semana. Sendo assim, pedi desculpas pelo gtalk:
- Olha, lamento muito, mas só vou poder pegar minhas coisas [que, como já disse, consistem num saco plástico que jaz escondido num armário do quarto de hóspedes, completamente invisível] na semana que vem, tá?
- Pô, mas é só meia hora da sua vida! - retrucou a criatura, para meu espanto.
- Sim, e são só trinta centímetros cúbicos do seu espaço! - respondi, ainda pasma. - Se estiver incomodando tanto, dá para os pobres.
- Era exatamente o que eu ia sugerir - arrematou ele, rancoroso.
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Bem, isso não barra o kit-devolução do palhaço ex-marido. Estava eu, recém-separada, abrindo as caixas da mudança, naquele inevitável clima de fossa, quando me deparei com uma embalagem pequena, sem a minha letra para identificar o conteúdo. Assim que arrebentei o lacre, o susto: uma sequência de máscaras de palhaço, línguas de sogra, bexigas vazias e copos plásticos. Demorei alguns segundos para entender: o moço incluiu na minha mudança, sorrateiramente, os apetrechos que sobraram da minha última festa surpresa de aniversário. Mas é claro! Afinal de contas, quem não precisa de máscaras de palhaço e línguas de sogra no enxoval?
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Nota da Editora: antes da publicação deste post o palhaço tinha se redimido e se oferecido pra trazer a sacolinha da Sendas com os panos de bunda da empresária circense. Diz que vai deixar na casa dela.